“Se houver alto grau de crispação do consciente,
muitas vezes só as mãos são capazes de fantasia.”
(Carl Gustav Jung)
Estreou nos cinemas o filme Nise, no Coração da Loucura, que conta a trajetória da psiquiatra junguiana Nise da Silveira.
Com seu trabalho fez enorme contribuição para a luta antimanicomial no Brasil da década de 50, quando métodos invasivos como choques elétricos e lobotomia (desligamento dos nervos responsáveis pelas emoções) ainda eram práticas corriqueiras nos hospitais.
Nise, que se recusou a praticar tais violências com os pacientes, foi designada para o setor de arteterapia do hospital em que trabalhava, numa época em que a prática tinha total descrença na cura de pacientes mentais.
Ao introduzir oficinas de arte no Hospital, a médica notou sensível melhora no quadro de agressividade dos pacientes, bem como a forma de Mandala, presente em boa parte do material produzido nas telas.
O filme deixa subentendido que houve melhora nos sentimentos em todos os envolvidos a partir da descoberta da arte, inclusive para os enfermeiros do hospital, que passaram a ter uma nova visão sobre os seus pacientes, como seres com individualidade particular.
A psiquiatra, seguidora dos preceitos de Jung, trocou numerosas correspondências com o mesmo e chegou a fazer estudos presenciais com o precursor da Psicologia Analitica a partir do envio por carta de fotos das mandalas produzidas pelos pacientes.
“A configuração de mandala harmoniosa, dentro de um molde rigoroso, denotará intensa mobilização de forças auto-curativas para compensar a desordem interna.
Então pedi para que fotografassem algumas mandalas e as enviei com uma carta para C. G. Jung, explicando o que se passava. Foi um dos atos mais ousados da minha vida.”
(Nise da Silveira – caminhos de uma psiquiatra rebelde, fotobiografia de Luiz Carlos Mello)
Veja alguns quadros de Mandalas produzidos: