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Mandalas nas Tradições antigas

Tradição Hinduísta

A mandala tradicional hinduísta faz parte do ritual de orientação e do espaço sagrado central, que são: o altar e o templo. É o símbolo espacial da presença divina, no centro do Mundo (Vastu-Purusha mandala).

Chandra e Kumar comentam:

” As mandalas são diagramas circulares e esféricos para a visualização durante as práticas religiosas. É um dos maiores símbolos da experiência humana. Ela é a passagem de um estado para outro, ou seja, do material ao espiritual. Seu centro é uma entidade; sua periferia é a perfeição. É um instrumento visual para a concentração ou meditação introvertida que conduz à realização das formas sobrenaturais que se encontram na mandala.”

Green afirma que a mandala tântrica “é uma das mais importantes da Índia, pois mostra as leis que governam o Cosmos, às quais estão submetidos tanto os homens como a Natureza em si mesma”. O que se chama tântrica refere-se a um texto sagrado hindu em que se associam as evocações de divindades, bem como a aquisição do poder mágico de alcançar a iluminação por meio da meditação. Nesse contexto, a mandala é pintada ou desenhada como suporte para meditação, assim como riscada no chão para os ritos de iniciação.

Tradição Budista

Na tradição budista, notadamente entre os adeptos da crença tântrica, a chamada mandala kalachakra (mandala da roda do tempo) está baseada em textos sagrados tibetanos, o Kalachakra Tantra, que segundo a tradição foi ensinado por Buda.

Nessa mandala procura-se visualizar as divindades e seu resultado, que é a obtenção da Iluminação. Essas figurações concêntricas das mandalas são imagens dos dois aspectos que são complementares e idênticos à realidade: o aspecto da razão original, que é inata nos seres humanos (e que utiliza imagens e idéias do Mundo material, ilusório) e o aspecto do conhecimento terminal produzido pelos exercícios físicos e mentais que são adquiridos pelos Budas (Iluminados) e que se fundem uns com os outros, na intuição do estado da mais alta felicidade possível, chamado Nirvana. Admite-se que esse estado mental é de grande liberdade e espontaneidade interior em que a mente humana goza de tranqüilidade suprema, pureza e estabilidade.

Tradição Tibetana

O que se chama na atualidade Tibet é uma região autônoma da China contemporânea, com população essencialmente budista. C. G. Jung descobriu que as mandalas na tradição budista tibetana derivam do conhecimento religioso dos lamas.

Essa expressão, lama, significa guru, na tradição hinduísta, mestre. Nesse sentido, os lamas consideram a verdadeira mandala uma imagem interior que, gradualmente, é construída nos momentos de equilíbrio psíquico perturbado ou quando um pensamento não pode ser encontrado e deve ser procurado, porque não está contido na doutrina sagrada.

Podemos entender assim: a mandala como um guia imaginário e provisório de meditação. Daí, a mandala pode se manifestar em suas combinações variadas de círculo e quadrado, o que se chama mundo espiritual e mundo material, respectivamente, assim como expressa a dinâmica das relações que os unem, em tríplice aspecto, ou seja, plano cósmico, antropológico e divino. No centro da mandala situa-se o trono da divindade eleita, sendo que a palavra do mestre é capaz de animá-la.

Observa-se, pela atividade ritualística, que, segundo essa tradição, a mandala é compreendida como imagem e motor da ascensão espiritual. Essa ascensão espiritual, na tradição oriental, segundo Hinnels, procede de uma interiorização cada vez mais elevada da vida e ainda de uma concentração progressiva do múltiplo no uno: ou seja, o “eu” reintegrado no Todo e o Todo reintegrado no “eu”.

A escritora Fioravante admite que, além de guia de meditação, existe uma energia nos desenhos mandálicos, e procura oferecer uma classificação e explicação das suas funções. Essas referidas mandalas podem ser regeneradoras, equilibradoras e mesmo ativadoras dos processos físicos, podendo produzir alterações energéticas positivas nos níveis material e espiritual do homem, de acordo com as tradições religiosas. Diz, textualmente: “O campo de força de uma mandala modifica a energia em vários níveis. Ele estimula a mente a equilibrar as emoções e ativa os processos físicos ajudando a restabelecer sua função plena. A mandala é uma fonte de cura”.

Moacanin procura, por sua vez, estabelecer uma síntese da relação da psicologia junguiana com o budismo tibetano em sua maior profundidade. Sinaliza que a mandala é realmente um símbolo importante porque são imagens que contêm elementos opostos, agrupados em torno de um núcleo central. Diz: “desse modo revela para o discípulo a interação de forças que operam no Cosmos, bem como dentro da própria psique”.

Argumenta esse estudioso que as mandalas são símbolos religiosos e filosóficos com sentido determinado pela tradição tibetana, e brotam de visões e experiências interiores dos praticantes da meditação altamente desenvolvidos e ainda mais: num meio ambiente muito especial e espiritualmente criativo.

Vários autores, entre eles Jung, Chevalier e Gheerbrant, Samuels, Shorter e Plaut, oferecem-nos auxílio para a compreensão da conceituação da mandala, que pode ser compreendida como círculo mágico, símbolo do centro, da meta e do si-mesmo, enquanto totalidade psíquica, de centralização da personalidade e produção de um centro novo nela. Nesse sentido, Chevalier e Gheerbrant explicitam que a mandala é, concomitantemente, a imagem e o motor da ascensão espiritual, que procede de uma interiorização cada vez mais elevada da vida. É ainda através de uma concentração progressiva do múltiplo no uno que o eu pode ser integrado no todo e o todo reintegrado no eu. C. G. Jung recorre à imagem da mandala para designar uma representação simbólica da psique, cuja essência nos é desconhecida. Observou que essas imagens são utilizadas para consolidar o mundo interior e para favorecer a meditação em profundidade.Entre as representações do Self, quase sempre encontramos a imagem dos quatro cantos do Mundo, com um centro de um círculo dividido em quatro. Jung usou a palavra hindu mandala círculo mágico) para designar esse tipo de estrutura, que pode ser compreendida como uma representação simbólica do átomo nuclear da pisque humana.

Texto baseado no artigo de Monasila Dibo: “Mandala: um estudo na obra de C G Jung”.

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